Estamos juntos. Em família. Os 3.

Mas sinto falta de alguma coisa. De alguém. 

Sinto falta dos bons dias e do até amanhã. Sinto falta dos olas. Sinto falta de tanta coisa. 

E sim, sem sabermos, éramos tão felizes e sem dúvida que não sabíamos. 

Hoje, sinto falta de um abraço. Pessoalmente ou virtual. Um beijinho mandado a socapa.

O isolamento é duro. E não sei quando poderei voltar a trabalhar. Possivelmente vão passar-se meses e continuo em casa. Sem trabalho. Sinto-me tão triste. Eu que adorava o meu trabalho. Agora, está lá. Se ninguém. Sem trabalho, sem pessoas.

Hoje sinto-me assim. 

Ora pois é, estou em casa, há já 13 dias. 

13 dias sem trabalhar, permanentemente em casa. Oh Cristo. Não vejo ninguém, nem lavo os olhos. 

O gajo está em casa a 9 dias. Sendo emigrante, decidimos que iria cumprir a quarentena por nossa opção. 

Pois bem, ontem, tocam a campanhia. E eu logo a pensar, aí Jesus que hoje vamos ter festa. 

Aparece um senhor agente, a procura do gajo (estive mesmo para lhe perguntar senão me queria levar para a esquadra).

Veio ver ser o gajo estava em casa, pois sendo emigrante tem mesmo de ficar em casa. Confirmamos e falamos um bocadinho. Que há gente ainda sem cumprir e o bonitão perguntou se ele tinha sintomas ou alguma coisa. E combinamos que eles vão passando (aí que bom), só para ver se estava tudo bem.

OH senhor, pode vir todos os dias, q eu não me importo. Sempre lavo os olhitos com gado novo. 😂😂

Fora de brincadeiras, tem havido muita raiva contra os emigrantes, por estarem a regressar ao seu país. Compreendo que muitos não cumpram o que se deve fazer. Mas é se compreendesse que muitos cumprem e que se voltaram foi porque foram obrigados a isso? Que tal não os olharem de lado? Porque as pessoas são más. Mas curiosamente, o Jorge Jesus voltou e não ouvi ninguém a dizer :vai para onde estavas, não vens para cá fazer nada. Mas aí está, ele deve ser importante.

So para terminar, cuidem-se. Protejam-se. Fiquem em casa, se puderem. Porque eu, também fico.