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Ninita's

Quem sou eu? Simples, sou uma pessoa normal, que vive numa pequena cidade normal. Sou brincalhona, divertida, trabalhadora e muito simples. Na pratica, sou igual a todas as outras pessoas deste mundo. Bem Vindos a este "meu mundo virtual".

Ninita's

Quem sou eu? Simples, sou uma pessoa normal, que vive numa pequena cidade normal. Sou brincalhona, divertida, trabalhadora e muito simples. Na pratica, sou igual a todas as outras pessoas deste mundo. Bem Vindos a este "meu mundo virtual".

11.11.19

Quando a demência nos entra pela porta da frente

Ninita

 

Não é uma situação nada fácil de encarar.

Ha situações que começam devagarinho, mas vão dando algumas pistas. Esquecimentos, pequenos erros, pequenas distrações. Pequenas coisas, tão pequeninas, que aás vezes, ninguém dá por elas.


Mas há outras, que pura e simplesmente nem avisam. E de momento para o outro, aparecem em força, com todos os sinais e mais alguns. Mas ai já não ha nada a fazer. É visivel o que se passa. Agora é tratar e tentar, de alguma forma atenuar esses problemas.

 

Há cerca de 2 anos atrás, tinha 1 pessoa de familia que começou a dizer, que lá num buraco, estava lá um bicho. Ao inicio, o marido ria-se e ate gozava com ela, que devia ser um leão. Ela tantas vezes dizia o mesmo, e até descrevia o animal (supostamente era um ouriço) que um dia, o marido resolver ir ao sitio onde ela dizia que via o animal (um pequeno "armazem" onde guardavam as ferramentas da quinta) e tirou tudo. Mesmo tudo. Nada de bicho. Voltou a guardar tudo e tapou todos os buracos. Mais nada lá podia entrar.

Aquilo passou e um dia, estava lá eu em casa e ela diz-me : Ninita Maria, está ali atras do escorredor da loiça um rato. E eu : what?? Um rato?? Mas como é que entrou para aqui um rato?

Na minha inocencia, tirei tudo. Mesmo tudo. Não havia nada. Nadinha. Nem 1 rato, nem 1 lagartixa, nem nada. E ai, levei com um balde de agua fria e pensei com os meus botões : Ela não pode estar bem. Isto não é normal. Algo se passa.

Mas não fui suficiente rapida a chegar a esta conclusão. Pode-se ate dizer que cheguei lá muito tarde. Se calhar se tivesse raciocionado mais depressa e juntado os pontinhos, poderia ter feito alguma coisa. Mas não fui, não fiz nada.

1 ou 2 dias depois, foram os incendios e ela deixou de dormir. Pura e simplesmente não dormia. Deixou de andar (tinha feito 2 cirurgias a coluna das quais estava a recuperar). Ela falava para mim e eu não a conseguia perceber. Eu segurava-a para ela ir a qualquer lado e deixei de conseguir agarrar, porque esquece-se como se anda. Ao ponto, de eu ter de lhe tocar com força na perna, para ela saber qual tem de mexer. Pensamos que tivesse ficado com algum trauma ou qualquer coisa, mas tambem nao podia ser, porque quando a situação se "virou" para o nosso lado, já eu a tinha levado de casa para outro lado, onde nem se pudesse aperceber de nada.

Medicos, Psiquiatras, neurologistas, etc, exames para aqui e para ali. Está tudo bem. TAC sem nada. Os nervos da coluna tambem. Das operações á coluna não foi. Pronto, medicação. Vamos por tentativas. Ora dormia e até dava uns passitos e se percebia o que dizia, ora não dormia, nao andava e não dizia coisa com coisa.

Situação mais ou menos controlada, mas de vez enquando, a cabeça para completamente e os esquecimentos recomeçam. Ou porque ninguem lhe ligou, ninguem a foi ver. E todos os dias uma das filhas lhe liga e todos os dias a outra filha lá vai. Ora fala para as pessoas e balbucia as palavras e ninguem consegue perceber absolutamente nada do que diz.

Mais trocas, mais baldrocas e já ninguem percebe nada. Lá tem a medicaçao de andar sempre a ser ajustada. Tiveram de comprar uma cadeira de rodas, pois há dias em que ate consegue andar com o andarilho e outras em que nem levantar se consegue. Tiveram de comprar fraldas, porque nem sempre se controla. Quando têm de ir para as urgencias porque já não dorme a muitos dias e esta completamente alterada, uma pessoa sozinha não a consegue levantar e leva-la a casa de banho.

Todos os dias lá vou ve-la. Todos os dias lhe pergunto como está, se esta melhor. As vezes responde, outras vezes não. Se não faço mais, é porque nao posso. Não consigo. Eu queria, mas não consigo. Sou mãe "solteira", trabalho todo o dia, saio cedo, chego tarde. Não consigo fazer mais. Gostava, mas não consigo.

Estamos a falar de uma pessoa de 66 anos, em que até 3 anos atras trabalhava num lar, se mexia sem problema nenhum.

Estamos a falar de uma pessoa diagnosticada com demência.

 

Estamos a falar da minha mãe.

 

 

Nota : Este post não é para terem pena, mas sim um chamamento para os sinais que as vezes vemos e ignoramos por não parecerem ser nada.

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