O trabalho com o publico, vai-nos mostrando algumas coisas, ás quais, eu não consigo achar "piada nenhuma", nos vários sentidos.
Nota-se um aumento de discrepancia entre as varias classes sociais, a vários niveis.
Exemplos de entrada das varias classes sociais num estabelecimento comercial :
1-Entra o senhor doutor engenheiro (sem o ser)
Diz "Bom Dia" entre os dentes, senta-se sem perguntar se pode ou se estamos disponiveis, despeja o que pretende e mesmo ja sendo hora de fecho (ou já passando a hora de fecho) sai, sem antes dizer que pretende que os valores sejam enviados no mesmo dia.
Recebe o e-mail com os valores pretendidos, é incapaz de dizer que recebeu, não responde, não diz se gostou, se não gostou, se quer outra coisa. Passado 1 mes, manda marcar o que lhe enviaram e não percebe porque é que os valores não são os mesmos. Chama-nos incompetentes e ainda temos de lhe responder que sim. Aceita e paga com o cartão de credito, para pagar faseado, com o DR. ENG no cartão.
2-Entra o pseudo-rico
Diz "Bom dia", senta-se e depois de dizer o que pretende, diz que quer pagar muito pouco, porque toda a gente viaja para todo o lado, a custar 20€. E avisa, que tem de ser uma coisa muito boa, porque quer descansar, mas muito barato. Compra, paga com o Cartão de Credito para não pagar tudo de uma só vez, e quando chega reclama porque foi muito caro e que com aquele preço comprava outra coisa.
3-Dona de Casa / trabalhadora no campo
Diz Bom Dia, pede licença para sentar. Pede os preços, pede para lhe escreverem num papel e vai para casa falar com o marido. Volta, compra e no fim, agradece por toda a ajuda que lhe deram.
4-Pedreiro / trabalhador das obras
Pede licença para entrar e pergunta se ainda estão abertos. Entra, diz bom dia e não se quer sentar, porque vem do trabalho e não quer sujar as cadeiras porque vem sujo. Pede o que precisa, trata, paga com dinheiro, agradece varias vezes e sai. Volta a dizer que correu tudo bem e que para a proxima regressa.
5- Emigrante armado em bom
Entram, nem bom dia dizem, querem tudo para amanha, falam metade portugues e a outra metade noutra lingua para não os percebermos (sem saberem que percebemos tudo) até lhes respondermos na lingua que estão a falar. Ai, coram, e já só falam portugues. Dizem que lá fora é que é bom e que em portugal nada presta, que lá fora ganham 5.000€ e que aqui as lojas são um nojo e que em Portugal são todos "irrogantes". Quando saem, dizem entre os dentes que não sabiam que nós sabiamos falar linguas (ups).
Se calhar estou a ser muito mazinha, mas já cheguei a um ponto de saturação, em que de cada vez que vejo os senhores DR (sem o serem), os ENG (tb sem o serem) e afins a entrarem pela porta, apetece-me dar meia volta e sair. Isso e os novos emigrantes que gostam de chegar cá e armarem-se em grandes. A falta de humildade das pessoas, a falta de respeito por quem esta deste lado a atender, com paciencia até demais para perguntas parvas, mas que responde sempre educadamente a tudo o que nos perguntam. Que me desculpem, mas prefiro atender gente do campo, suja e esfarrapada, que não se quer sentar e que eu insisto, porque se sujarem as cadeiras não tem mal nenhum e que não precisam de estar de pé, a pessoas sem a minima noção do ridiculo em que caem.
E sim, já tive mesmo pessoas que não se queriam sentar. E eu so lhe respondi : sente-se, se as cadeiras estão ai, é para serem utilizadas, senão tambem ficam sem função. E as pessoas lá se sentaram.
Nota : atenção que não estou a dizer que são todos assim, as profissoes/ocupaçoes são meramente "ilustrativas"