Tenho tentado não escrever sobre a ansiedade. Pensei várias vezes em escrever ou não. Mas, acabei por decidir que ia escrever e partilhar tudo o que as crises de ansiedade me têm feito nos últimos tempos.
Quem me segue a algum tempo, sabe que fui diagnosticada a algum tempo, com crises de ansiedade. Ninguém sabe de onde vem, nem como aparecem.
Foram tempos difíceis, mas a pouco e pouco, consegui ultrapassá-las e lidar com elas. Ou pelo menos, pensava eu que sim.
Nós últimos dias, tem sido duro. Muito duro. Voltaram as dores de pescoço, a dor de garganta, o coração acelerado e o choro constante.
Eu tento e juro que tento mesmo, não voltar a medicação e até agora, não tomei nenhum calmante. Não quero. Quero ultrapassar sozinha, mas custa tanto.
A questão do vírus, da falta de trabalho, de estar meses em casa, do medo constante, da incerteza, tudo me está a afetar. Logo eu, que vou contra tudo e contra todos, quando isto acontece não ando, arrasto-me.
Ninguém sabe que elas voltaram. Nem o marido. Nem a filha. Ele vê-me a chorar por tudo e por nada, mas não pergunta. Se calhar, já sabe e está a espera q eu lhe diga. Mas eu não quero dizer. Não lhe quero dizer que tenho medo e que o quero aqui, comigo, sempre.
Ele sabia que eu queria comprar uma passadeira, para correr em casa. E como não vamos estar juntos no meu aniversário, comprou-ma agora, para puxar por mim. É uma forma de eu ter mais uma coisa para fazer e durante uns minutos não pensar em nada. Foi a prenda adiantada que me deu, por não saber se me vai dar outra. E claro, q eu chorei que nem uma Madalena arrependida. E ele não sabe. Não o quero preocupar ainda mais, porque sei que também lhe custa.
So gostava que as crises se fossem embora. Outra vez. E não voltassem. Mas ainda não consegui fazer isso. É não sei quando vou conseguir.
Muitas pessoas sofrem do mesmo. Muitas nem sabem. Muitas têm sintomas piores. A mim, custa-me a respirar, fico com a garganta apertada, dores musculares sem sentido. Hoje nas costas, amanhã numa perna, depois num braço. Sintomas psicossomáticos. Tenho tudo e não tenho nada. Quando afinal, só tenho é medo.
Voltei a afastar-me de toda a gente. Nestes 5 dias não liguei a nenhum dos meus amigos. Não quero que percebam o que se passa. Não quero preocupar nenhum. Apesar de saber que se me virem, sabem logo. Mas eu não quero que saibam. Todos têm as suas preocupações e não quero que tenham mais.
É a minha sina. E não há nada a fazer.