Ora, pois claro, anda bem, obrigado.
Bem e recomenda-se.

Então vamos lá ver se nao tenho razao :
- urgencias nao temos e se precisarmos de uma consulta no dia, temos de ir dormir para a porta do centro de saude, pois só há 8 consultas por dias, para 20.000 pessoas.

- Se ficarmos doente e nao conseguirmos a tal consulta, temo de ir a um "Hospital" a 40km, a cair de podre, com medicos que meu deus, para depois termos de fazer mais 60km se forem mandados para o hospital do distrito. E se formos para esse hospital, de certeza que estamos 12h para ser atendidos e mais 12h para verem o resultado de umas analises e nos mandarem para casa, com um Ben-u-Ron para tomar.

- Depois das 20h temos um hospital privado, que faz consultas (tipo urgencias), já que durante o dia nao temos.

- consultas de maternidade, só a 80km. Ou seja, qualquer gravida que se prese, tem de fazer 160km para ir a uma consulta (ida e volta) e quando estiver em trabalho de parto, fazer mais 80km para ir ter o filho (talvez por isso, haja varios partos no IP3 e no IC).

E depois ouço dizerem nas noticias :
"Meu Deus, em Lisboa, têm de fazer 30km para ir a maternidade, jesus, onde é que isto ja se viu".
"Como é possivel, que um doente tenha de se deslocar 40km porque no hospital onde foi, não tinham 1 medico especifico?"

Ouço tanta, mas tanta indignação no litoral, quando se esquecem (novamente) do pessoal do interior.

Meus caros, venham ca para o sitio onde ganhamos metade do que o pessoal do litoral, nao temos centros comerciais, cinemas, teatros, bares, hospitais, varias escolas, actividades, restaurantes em toda a esquina, ginasios, lojas, turismo, transportes e afins. Venham e vão ver o que é bom para a tosse. Depois venham-se ca queixar que no interior é tudo "atrasado", porque não há nada.

Não há não senhor, porque infelizmente, só o litoral realmente interessa.

É a tristeza do nosso pais. Para o litoral tudo é importante e no interior nada interessa.

Com a treta da pandemia e do vírus e do covid e do raio que o parta, temoa assistido na Santa parvalheira algumas coisas muito boas entre vizinhos e conhecidos. 

Por exemplo, a minha vizinha do lado (que é como os doidos e só fala quando está bem disposta), planta muitos vegetais. Tal como toda a gente aqui da terra. Não para vender, mas para consumo próprio. Como eu estou em casa, tem sido um arraial de ofertas. Ora é alfaces, ora favas, ervilhas, ovos caseirinhos.

Tenho uma amiga que foi feijão verde, courgettes. 

A sogra foi feijão verde, cebolas, batatas, azeite, tates, mais alface.. 

Cheguei a um ponto, que me sinto envergonhada de aceitar. Oh pá, eu não planto nada. Não tenho ou melhor, não tinha vida para isso. Nunca cá estava, só vinha a casa jantar, tomar banho e dormir. 

Então, armei-me em doceira e fiz um miminho, só para poder agradecer (porque me dão tanta coisa e não me deixam nem pagar nada).

Como tinha muitas ameixas, lá vai a Ninita Maria inventar... 

Sai docinho de ameixa... E toca a distribuir pela vizinhança. 

Agora, experimentei o licor. Nem está mau. Falta arranjar garrafinhas e também seguem o mesmo caminho. 

Até o pessoal do meu trabalho se lambeu. Sim, aquela gente que está tão farta como eu e que considero a minha família, também teve direito a um docinho.. 

Assim se vai retribuindo a boa vontade dos vizinhos, só porque não querem que as coisas se estraguem e distribuem pela vizinhança. 

Digam o que disserem, viver no campo, tem um "sabor" completamente diferente.